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Uma Pobreza Branca

  • Foto do escritor: J. Lino
    J. Lino
  • 8 de dez. de 2023
  • 2 min de leitura

Atualizado: 13 de dez. de 2023

A partir da trajetória de quatro gerações da minha família, procuro demonstrar neste artigo como a Proteção Social no Brasil, durante muitos anos, privilegiou a população masculina de origem europeia e cor branca, residente nos grandes centros urbanos, e predominantemente adulta, em detrimento de todas as demais pessoas, especialmente mulheres pobres, negros e índios de todas as condições sociais, em avassaladora condição de racismo, preconceito e discriminação.


Desde o início da colonização portuguesa até a Constituição de 1988, a legislação em direitos humanos era muito escassa, e as políticas públicas quase sempre se mostraram inexpressivas e ineficazes nesse quesito, estabelecendo uma circunstância rígida de exclusão social dos que não se enquadravam no perfil dominante, melhorando muito lentamente apenas nos últimos 35 anos.


Para fins desse estudo, utilizei a metodologia de pesquisa multidisciplinar, partindo do Direito, mas aplicando também os saberes da Antropologia, da Sociologia, e da Crítica Histórica e Psicanalítica, permeando a evolução dos marcos regulatórios do último século e as inovações do Direito Internacional.


A expectivativa inicial da pesquisa - de modo ingênuo e esperançoso, reconheço - era que a população em geral estivesse desprotegida de modo mais ou menos equivalente, já que o país, de fato, apresentava condições precárias de desenvolvimento e instrumentalização jurídica. Imaginava, por isso, que pudesse ter havido uma progressão relativamente equitativa também. Infelizmente os resultados apontaram para um desequilíbrio e desigualdade estrutural persistene, especialmente entre os negros recém libertados da escravidão; os indígenas vitimados pelo genocídio; as mulheres oprimidas pelo machismo; e crianças e idosos que exerciam um papel secundário, sem cuidados e proteções especiais próprios da sua condição de vulnerabilidade. Certamente outros grupos foram também discriminados, mas não apareceram na pesquisa no contexto dessas quatro gerações, pelo que pude verificar.


Tais excluídos e desassistidos sociais, principalmente os de primeira e segunda geração, não conseguiram as mesmas oportunidades dos grupos dominantes, sendo tomados precocemente por doenças graves e levados a óbito pela escassez geral de recursos. A superação da pobreza se deu, efetivamente, somente a partir dos anos 2000, uma década depois da promulgação da Constituição Cidadã, e ainda assim por se tratar de uma família branca, já que negros e índios, e outros excluídos socais, constituem a maioria dos que permanecem nas linhas de miséria e pobreza.


Esse estudo foi fundamental para consolidar na metodologia Esquética a perspectiva do Atendimento Social e o dever ético que se criar e garantir condições justas de igualdade e oportunidade de desenvolvimento pessoal. Está na hora de construir novos consensos!


Texto integral do artigo disponível em: https://www.academia.edu/110757490/UMA_POBREZA_BRANCA.


Pintura de Biard, "Abolition de l'esclavage 1849"


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© 2014 José Luiz Marques Lino - Todos os direitos reservados

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