top of page

5 Premissas da Dignidade no Trabalho

  • Foto do escritor: J. Lino
    J. Lino
  • 7 de dez. de 2023
  • 4 min de leitura

A dinâmica do trabalho é inerente ao humano adulto e indiscutivelmente necessária. Mas não necessariamente o trabalho remunerado, e sim o sentir-se útil e inserido na complexidade social de produzir e compartilhar bens e riquezas. No entanto, a perspectiva do trabalho na Modernidade, associada à Ética Protestante da obrigação de prosperidade, trouxe um sentido de dever ter sucesso, de sobressair-se, de conquistar coisas e pessoas, de manter-se em relevância e atingir patamares elevados de riqueza e bem-estar. Tudo normalizado e aspirado como aquilo que pode nos saciar dos anseios mais profundos e produzir em nós a felicidade sem dor e sofrimento. Uma ilusão, é claro! Mas é uma ilusão que se pensa junto, no coletivo, como um constructo social que todos acreditam e perseguem insistentemente.

Somam-se a isso as características de domínio, subjugação, competição e poder próprios da tensão do trabalho assalariado, avulso, comissionado, por aplicativos e afins. Nada basta, nada é suficiente, as carreiras são afuniladas e instáveis, a meritocracia é falsa, parcial e quase sempre intangível. Mas a gente demora para perceber e acreditar nisso, como realidade, pois há vantagens, contrapartidas, benefícios, promessas, pequenas conquistas. Tudo isso como meio de troca de comportamentos, de priorização das atividades profissionais em detrimento da qualidade de vida, da saúde, da família. É um jogo, uma arena de sacrifícios, um tabuleiro onde peças vão caindo e sendo substituídas sem constrangimento, sem pudor. É a coisificação do humano em prol de resultados que nunca se contentam.

Por isso é preciso rever esse trabalho que leva à indignidade, à indiferença. Há outras formas possíveis de trabalho mais equilibradas, mas justas no contexto social, e consequentemente mais dignas. Só que tais formas são menos glamurosas, menos concorridas e invejadas, e possivelmente oferecem menor chance de atingir os patamares desse sucesso aspirado por tanta gente.

Aprender a reconhecer tais excessos e construir um novo patamar de dignidade profissional é também o que propõe a metodologia Esquética, por meio da Psicanálise, da Mentoria e da Consultoria Estratégica, tomando por base 5 Princípios Fundamentais:

  1. Propósito: é preciso encontrar de fato um valor no trabalho que vá além do querer conquistar riquezas e obter vantagens sociais, ou de projetar-se sobre os demais. Segundo Freud e Lacan, isso é apenas um impulso inconsciente da necessidade de sobrevivência e o medo da morte, tanto quanto o narcisismo erótico de querer desesperadamente a atenção, a admiração e o reconhecimento do outro, como um amor incontrolável que nos projeta ao despropósito. O propósito precisa superar, sublimar esses desejos continentes para abraçar algo genuinamente nosso e intrinsecamente digno, sendo útil a si mesmo e à sociedade na direção de um bem comum.

  2. Ética: somos fadados a reproduzir a moral alheia sem questioná-la. Mesmo quando pensamos em agir de modo livre e independente estamos sendo conduzidos por algum modelo de estrutura, de ideologia, de escolhas parciais. Por isso os movimentos sociais se alternam em comportamentos, de geração em geral, substituindo valores e críticas sociais, e não necessariamente de modo evolutivo. A ética efetiva é aquela que liberta as tramas do inconsciente e as artimanhas dos Eus que nos dirigem para uma satisfação do imediatismo ou à fuga de quem somos nós por nós mesmos.

  3. Saúde: manter uma vida saudável é premissa básica do existir em boa sintonia com a natureza. “Mens sana in corpore sano”, isto é, mente sã em corpo são, como diziam os romanos, mas sem ser escravo de medicamentos, suplementos e academias. O equilíbrio se constrói na serenidade dos movimentos, na alimentação moderada, no sono focado e disciplinado, no convívio não violento, na aspiração pelo conhecimento, e assim por diante. A exasperação, a ansiedade, a exigência constante, a obsessão pelo controle e pelas conquistas são o oposto da saúde equilibrada, e vão muito além dos sintomas. Esses comportamentos escondem desejos mais profundos que precisam ser desvendados e reorganizados na sua base para permitirem “o cuidado de si e o cuidado do outro”, como falavam os antigos gregos e tão bem recuperou Foucault.

  4. Bem-Público: “homem nenhum é uma ilha”, ensinava o pensador inglês John Donne. Todo propósito, ética e saúde devem dirigir-se ao bem estar no mundo. Esse era também o princípio de fundação da Polis grega, como fruto de um Ethos, uma ética comum de boa convivência, deveres e de benefícios compartilhados. O trabalho precisa produzir o Bem. Se o fruto do trabalho é nocivo ou catastrófico para a sociedade, no meio ou final do processo e independentemente da atividade individual, esse trabalho não é bom. É preciso ter coragem de ver a dor e o sofrimento embutidos no fluxo do trabalho. Se o resultado é um vício, um mau hábito, uma dependência de consumo, um enriquecimento sem causa, um enganar clientes, uma poluição ou desmatamento, uma cobrança exagerada de juros, uma corrupção de governos, uma exploração humana ou animal, e tudo mais nesse sentido, então o trabalho não é um Bem-Público no sentido universal, mesmo que produza alguns bens ao longo do processo. É preciso olhar os meios e não apenas os fins aparentes, mas isso requer despertamento psíquico do discurso que herdamos da sociedade, e uma atitude firme de mudança de rumo. E nada necessariamente ligado a qualquer ideologia ou posicionamento político.

  5. Valor Justo: valor não é apenas remuneração ou retirada de dinheiro. Valor é o que se produz na cadeia, no processo, nas pessoas que interagem com o trabalho e o produto que ele cria. Tudo nesse entorno precisa ser justo, precisa estar alinhado a um propósito de equilíbrio, com uma ética que não seja apenas de conveniência, com a saúde humana e planetária, e com o Bem-Público universal. O pagar e o receber devem ser consequências desse equilíbrio socioeconômico e psíquico, individual e social. O resto é fantasia e delírio da psicose, ou esfacelamento egóico da perversão, ou transtorno de uma neurose obsessiva.

A metodologia Esquética trabalha com essa perspetiva da dignidade no trabalho pela abordagem Psicanalítica, de Mentoria e de Consultoria Estratégica, com o objetivo de possibilitar a construção de novos consensos universais partindo do olhar de cada indivíduo.


Comece agora a construir novos consensos sobre a dignidade no trabalho com a Esquética!





Comments


© 2014 José Luiz Marques Lino - Todos os direitos reservados

bottom of page